Era uma tarde, mas não como outra qualquer, essa tarde fazia frio e ele chegou em casa comigo numa mão e com o livro na outra.
Era um livro de gravuras; desenhos e mais desenhos uns sobrepostos aos outros. Um livro bonito, colorido, mas incomum.
Ele em sua ânsia pertubadora de conhecimento abriu o livro, e em seus desenhos impressionantes começou a se perder; ele se perdia tanto, tanto, que uma hora, quando olhei pro lado, ele havia sumido! Em cima da cama jazia apenas o livro.
Quem pode imaginar meu pavor e meu desespero naquele momento? Ele estava ali e de repente: só o livro!
Eu senti medo. Não quis abrir o livro. E se eu abrisse? E se eu também lesse? E se eu me perdesse? E se o encontrasse?
Eu andei até a porta, eu quis fugir do quarto... eu quase fugi; mas o livro cochichou baixinho: volta. E eu voltei. E ele disse: olha. Eu fechei os olhos... e ele começou a falar.
Mas afinal quem falava? Era ele ou era o livro?
O livro fazia perguntas - Perguntas malditas! - que me agrediam e me deixavam triste. O som doce era da voz dele, aquela mesma voz que me cantava canções para dormir, mas as palavras, as perguntas, eu tinha certeza, eram do livro!
E naquele instante eu só tinha uma opção, ou abria o livro, ou corria com medo. Mas, quem conhece a potência de um livro?
O que você teria feito?
17 março 2008
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4 respostas:
Ahá, amanhã mesmo vou mandá-lo escrever "Tremam, sangues-ruins" com o seu sangue na parede da cozinha!
Se ele gostou tanto do livro, alguma coisa deve haver lá. Só um analfabeto tem medo de livros, porque as palavras são coisas com as quais ele não está habituado a lidar.
O que há para se temer num livro não é ele mesmo, mas as coisas que ele diz. Essas, alguns podem e devem temer. Outras, por sua vez, usarão das mesmas coisas para serem temidas.
Mas só você pode dizer qual é o seu caso.
eu não entendi nada do post nem do cometário, por isso não acho nada.
e eu odeio não entender a piada.
linca eu!,
Abrir o livro?? É claro que eu abriria!! Será que poderia conviver sabendo de disperdicei a oportunidade de conhecer um outro mundo totalmente novo??
Se me perderia?? Ora, mas que coisa mais objetiva!! Não estamos todos perdidos?!
Perder-me de mim? Nessas condições já não seria possível! Conheceria o que o livro tinha mostrar, mesmo que não fosse algo bonito ou feliz, ou mesmo genial... Mesmo que fosse... nada.
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