Rabisco

20 outubro 2009

Eu risco com fúria as páginas dum caderno secreto. O telefone toca uma, duas, três vezes: eu atendo. A voz dele é fraca, morre e volta. Volta e me pede abrigo. Eu prometo abrigo. Risco, risco. Arranco a folha e tento arrancar de dentro de mim tantos rabiscos. Ele vai chegar a qualquer momento. Aquilo tudo precisa estar dobrado, guardado, trancado. Eu me escondo. Ele grita, chama meu nome; eu abro a porta, ele entra. Ele entra e senta e espera. Eu espero e me escondo e penso na folha dobrada. Ele vai e volta em sua fala - em sua voz fraca que morre e volta. Eu leio, ele escreve. Eu escrevo, ele lê. Ele diz que tem que ir. Ele diz que vai. Ele vai. Eu fico. Eu pego meus rabiscos. Eu respiro. Eu rabisco mais um pouco; mas agora não escondo...

Agora eu grito!

2 respostas:

Rafael disse...

Espero que os rabiscos sejam melhores que o grito...

Day disse...

Ha ha.

É isso aí, bate que quem sabe eu gamo.