Num confortável entorpecimento

23 novembro 2009

De repente eu acordei. Meus olhos doíam, mas eu forcei. Quando um pouco de luz tocou minha retina eu vi onde estava: num quarto branco, tosco, meio sujo. Deitava numa cama grande, onde caberia mais uma ou duas pessoas. De um lado havia um quadro, no quadro um castelo. Do outro uma espada, ao lado da espada um terço. Eu estava sozinha e com sono. Tinha uma impressão fraca de que em tudo aquilo havia sentido, mas era só uma impressão fraca. Sentia que tinha sonhado, que no sonho eu morava no castelo, que fugia do castelo seguindo a espada, e que assim chegava naquele quarto; daquele quarto era expulsa pelo terço, assim como é expulso um demônio. Mas eu ainda estava ali, só que agora estava acordada. Eu não lembrava do sonho, não podia revivê-lo na memória, só podia sentir a tal impressão fraca. Eu tentei levantar, mas meus pés doíam mais que os olhos. Minhas pernas tremiam, eu havia dormido demais. Me deixei ficar deitada, acordada, pensando... Resolvi que sairia dali, nem que fosse rastejando. E foi rastejando que eu saí. Mas quando meu corpo sonolento tocou o chão frio e duro eu não quis mais. Eu olhei em volta e não consegui mais pensar em nada, eu só sentia o frio e a dor. Eu me agarrei, desesperada, ao pé da cama e me arrastei de volta para cima. Me cobri, e como não achasse nada que me fizesse voltar ao sono, enfiei meu rosto no travesseiro macio, até que minha lucidez fosse mais uma vez substituída pelo alívio do sono.

E eu dormi. E sonhei que não precisava mais sonhar. Vi a vida, mais uma vez, preenchida de sentido. Senti como se o único caminho possível fosse abrir-me para a realidade, embriagar-me de realidade. E assim voltei a sonhar...

***

There is no pain, you are receding
A distant ship's smoke on the horizon
You are only coming through in waves
Your lips move but I can't hear what you're saying



Now I've got that feeling once again
I can't explain, you would not understand
This is not how I am
I have become comfortably numb

*Letra*

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